Mulher, negra e pobre, vereadora do PSD em Patrocínio Paulista, no interior de São Paulo, fala de sua luta em defesa de causas populares

Néria admite que foi a política que a tornou uma cidadã de primeira linha.

 

Néria Buzatto costuma dizer que reunia todas as condições para fracassar: é mulher, negra e de família pobre. Sua militância e o seu empenho em defesa de causas populares mudaram esta perspectiva. Aos 37 anos ela está iniciando, pelo PSD, seu quarto mandato de vereadora em Patrocínio Paulista, município de 15 mil habitantes da região de Franca, nordeste do Estado de São Paulo.

“Meu mandato vai ser dedicado aos projetos sociais e às mulheres”, diz ela, que entre 2013 e 2016 foi vice-prefeita do município, depois de três mandatos consecutivos na Câmara Municipal. “Quero propor o programa Diamante Rosa, de proteção às mulheres que são vítimas de violência doméstica, oferecendo a elas assessoria jurídica e psicológica entre outros serviços, como recolocação no mercado de trabalho”, conta.

Filha de família humilde, Néria admite que foi a política que a tornou uma cidadã de primeira linha. Até 2004, quando foi eleita vereadora pela primeira vez, ela se engajava nas demandas da cidade. “Eu ia até a Câmara e usava a tribuna livre para me pronunciar”, conta. As pessoas perceberam que ela poderia fazer muito mais se fosse vereadora. “Me diziam: você faz muito mais pela cidade do que os vereadores, por que não se candidata?” E assim ela disputou sua primeira eleição.

Com o passar do tempo, Néria percebeu que precisava agregar conhecimento. Foi assim que cursou a faculdade de Direito, tirou a sua OAB e confessa: o curso superior lhe deu uma outra perspectiva. “As pessoas acham que é difícil se eleger, mas eu garanto: é muito mais difícil se manter lá, se reeleger, do que ganhar a primeira vez”, diz ela.