No comando da Prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab adotou uma série de medidas para reduzir as emissões de poluentes. Criou a Lei de Mudanças Climáticas, a Inspeção Veicular, o Programa Ecofrota e estimulou o uso da bicicleta como meio de transporte,

 

 

Vista aérea da cidade de São Paulo

Vista aérea da cidade de São Paulo

 

O painel do clima da ONU lançou seu alerta mais contundente até agora dizendo que, se as emissões de CO2 não começarem a cair nesta década, será difícil impedir o planeta de ficar 2°C mais quente, limite mais arriscado do aquecimento global. As informações são de reportagem publicada nesta segunda-feira (3) na Folha de S.Paulo.

De acordo com o jornal, para que o planeta tenha 66% de chance de evitar cruzar essa fronteira, as emissões de carbono precisam cair até 70% por volta de 2050 e chegar a zero em 2100, aponta o relatório-síntese do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática).

O documento, lançado no domingo (2) em Copenhague (Dinamarca), encerra o AR5 (5º Relatório de Avaliação) do painel resumindo conclusões de três grandes dossiês que o grupo de cientistas publicou nos últimos 12 meses.

Os cientistas decidiram incluir na síntese final do trabalho uma estimativa de quanto custará a transição para a economia limpa. Investimentos em combustíveis fósseis deverão cair US$ 30 bilhões ao ano durante as próximas duas décadas, mas energias renováveis aumentariam seu financiamento em US$ 147 bilhões ao ano no mesmo período. Ainda será preciso investir em eficiência energética algo em torno de US$ 350 bilhões por ano.

São números realistas, argumenta o painel, realçando que setor energético já investe US$ 1,2 trilhão por ano.

Pioneirismo em SP

No comando da maior cidade do Brasil, Gilberto Kassab em sua gestão na Prefeitura de São Paulo adotou uma série de medidas para reduzir as emissões de poluentes.

Em 2009, Kassab sancionou a primeira lei no país, a de Política de Mudanças Climáticas, com metas e ações para mitigar a poluição na cidade. A lei estabelecia, entre outras iniciativas, a meta de redução de 30% das emissões dos gases que causam o efeito estufa (GEE) na cidade e a redução progressiva do uso de combustíveis fósseis (diesel e gasolina) por parte da frota de ônibus da cidade, a uma proporção de 10% por ano

Kassab implementou em 2008 a inspeção veicular, com benefícios que equivaliam a retirada de 1,4 milhão de veículos das ruas. Segundo a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, levando-se em conta apenas os veículos a diesel que fizeram a inspeção em 2011 na cidade, foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios.

A gestão criou, em 2011, o Programa Ecofrota, para substituir gradativamente o uso de combustíveis fósseis por renováveis na frota de 15 mil ônibus paulistana. No final de 2012, eram mais de 1.200 coletivos que utilizavam algum tipo de combustível limpo, como etanol, diesel de cana-de-açúcar e B20 (adição de 20% de biodiesel ao diesel). O Ecofrota reduziu em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012.

São Paulo também foi a primeira cidade do Brasil a contar com o serviço de táxis elétricos e híbridos. Em 2012, dez veículos elétricos e 20 híbridos passaram a integrar a frota no município.

A gestão plantou mais de 1,5 milhão de árvores em sete anos e ampliou de 34 para 100 o número de parques. Entre 2006 e 2012, foram criados ainda 24 parques lineares, recuperando áreas de várzea e reduzindo a incidência de enchentes. Nesse mesmo período, o município ganhou uma média de 200 mil árvores plantadas anualmente, ou dez vezes mais que a média de plantio até 2004. A quantidade de áreas protegidas saltou de 15 milhões de metros quadrados, em 2005, para 25 milhões de metros quadrados, em 2012.

Em 2007 foram a leilão, pela primeira vez, créditos de carbono obtidos por meio de ações que reduziram o lançamento na atmosfera dos gases de efeito estufa gerados pelos dois principais aterros sanitários da cidade. Utilizando tecnologias limpas, e com a implantação de usinas térmicas nos aterros, os gases liberados durante a combustão dos resíduos passaram a ser captados e transformados em energia. Juntas, as usinas produzem energia suficiente para abastecer uma cidade com até 600 mil habitantes.

Também incentivou o uso de bicicleta, com a implantação de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. São 120 km de ciclofaixas de lazer aos domingos, implantadas a partir de 2009 na cidade. Entre 2006 e 2012 foram criados 60 km de ciclovias e outros 60 de rotas de bicicletas, totalizando uma malha cicloviária de mais de 200 km.