O despejo de esgoto sem tratamento adequado, por moradias construídas em áreas de proteção ambiental, é a principal causa do problema. O ex-prefeito Gilberto Kassab criou, durante sua gestão, a Operação Defesa das Águas.
Guarapiranga (2)

Esgoto doméstico lançado por imóveis de ocupações irregulares é principal problema na represa Guarapiranga

Em um momento em que a Região Metropolitana de São Paulo passa por uma grave crise de escassez de água, as represas Billings e Guarapiranga, que integram o sistema de abastecimento da capital, têm sofrido cada vez mais com a poluição. O despejo de esgoto sem tratamento adequado, por moradias construídas em áreas de proteção ambiental, é a principal causa do problema, segundo mostrou reportagem do Bom Dia Brasil nesta quinta-feira (24).

Foi para conter a poluição das águas dos dois importantes mananciais que abastecem a cidade que o ex-prefeito Gilberto Kassab, hoje presidente nacional do PSD, criou, durante sua gestão, a Operação Defesa das Águas, conjunto de medidas para proteger, controlar e recuperar as áreas de proteção ambiental e de mananciais, e, em conjunto com o Governo do Estado, a Operação Córrego Limpo.

Em suas duas primeiras fases, a Operação Defesa das Águas despoluiu área de 152 km² e adotou iniciativas que permitiram reduzir em 1.000 litros por segundo o volume de esgoto in natura despejado nas represas. Assim, mais de 1,6 milhão de pessoas do entorno dos dois mananciais foram diretamente beneficiadas.

Uma das grandes linhas de ação da Operação Defesa das Águas foi esquadrinhar as áreas de proteção ambiental e impedir que dentro delas fossem erguidas moradias ilegalmente. Muitas obras foram colocadas no chão pouco depois de terem sido iniciadas.

Contribuiu bastante para este trabalho a criação da Guarda Ambiental, destacamento da Guarda Civil Metropolitana especialmente dedicado, que no final de 2012, último ano da gestão de Kassab, tinha um contingente de 540 homens.

A parceria com o Governo do Estado para a implementação do Programa Córrego Limpo foi muito bem-sucedida. A Sabesp fazia a construção e operação da rede coletora de esgoto nas regiões próximas dos córregos, de maneira a garantir que não receberiam mais esgoto doméstico. A Prefeitura fazia a manutenção das margens e dos leitos, além da remoção de moradias erguidas ilegalmente nas margens. Foram feitas intervenções em 103 córregos, com benefício direto a 770 mil pessoas.

Em uma outra linha de ação, a gestão Kassab criou também 24 parques lineares, com o objetivo de proteger os córregos da ocupação irregular e do despejo de entulho e poluentes.

As represas Billings e a Guarapiranga estão, hoje, com 87,6% e 67,1% de capacidade, respectivamente. A Guarapiranga, que gera para o sistema de água da cidade 14 mil litros de água por segundo, abastece aproximadamente 4 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste. Atualmente, com a crise hídrica, também supre áreas que eram atendidas pelo Sistema Cantareira. Nas duas represas, hoje, aproximadamente 40% das moradias são irregulares. O acúmulo de lixo gerado por elas causa, ainda, o assoreamento dos reservatórios, diminuindo a capacidade de armazenar água e concentrando poluentes, o que dificulta o tratamento da água para o consumo humano.