Priscila Gambale: “Com uma prefeita mulher e irmã de deputado, iremos conseguir trazer recursos do Governo do Estado com mais facilidade e agilidade”
Primeira mulher eleita prefeita em Ferraz de Vasconcelos — município de cerca de 196 mil habitantes da Região Metropolitana de São Paulo — a educadora Priscila Gambale (PSD) diz que um dos seus principais desafios a partir de janeiro de 2021, quando assumirá o cargo, será “resgatar a cidade da atual situação de abandono”. Além da reforma de escolas, prédios públicos e postos de saúde, ela terá como prioridade conquistar investimentos dos governos federal e estadual para a cidade.
Para conseguir esses recursos, contará com o apoio do irmão, o deputado estadual Rodrigo Gambale. “Nas eleições de 2018, fizemos história em Ferraz elegendo o primeiro deputado estadual, Rodrigo Gambale. Nestas eleições fizemos outra história, elegemos a primeira mulher prefeita da cidade. Foram dois marcos que os eleitores acharam de extrema importância para trazer a ordem e o progresso para a cidade. Com uma prefeita mulher e irmã de deputado, iremos conseguir trazer recursos do Governo do Estado com mais facilidade e agilidade”, afirmou Priscila, que disputou sua primeira eleição no último dia 15.
Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Priscila, de 35 anos, é casada e tem uma filha — Beatriz, de 11 anos. Na estreia eleitoral, ela obteve 31.944 votos (37,06% do total de votos válidos). O Doutor Rafu Junior (PL) ficou em segundo lugar, com 29.373 votos (34,08%).
Em entrevista ao site do PSD, a prefeita eleita de Ferraz de Vasconcelos falou sobre projetos para a educação, geração de empregos, segurança pública, combate à violência doméstica, entre outros temas. Confira:
Quais são os principais problemas da cidade hoje e quais serão as suas prioridades a partir de janeiro de 2021, quando assumirá o cargo?
Hoje a cidade de Ferraz de Vasconcelos se encontra em uma situação de abandono. Os prédios públicos, escolas e postos de saúde necessitam com urgência de reformas. Por muitos anos a cidade não recebeu recursos dos governos estadual e federal. O maior desafio será a reconstrução de Ferraz, com a zeladoria e a captação de recursos dos governos.
Neste ano, em função da pandemia de covid-19, tivemos uma campanha eleitoral totalmente atípica. Além disso, foi a primeira vez que você concorreu. Gostaria que falasse um pouco sobre essa experiência.
A campanha foi muito planejada e conseguimos executá-la de forma positiva. No início tivemos algumas dificuldades, por conta da pandemia. Como nunca tinha me candidatado, tinha uma grande taxa de desconhecimento. Mas, por outro lado, não tinha rejeição. O desafio era ser conhecida pela população ferrazense. Realizei os trabalhos utilizando as redes sociais, o que me aproximou mais dos eleitores e gradativamente a campanha foi para as ruas, com caminhadas e reuniões. A nossa equipe, nossos candidatos a vereador e vereadora e suas equipes estavam muito engajados e participativos, o que nos deu mais forças e crescimento durante toda a campanha. A população recebeu muito bem as nossas propostas, pois todos estavam clamando por mudanças e renovação na cidade.
Como será a sua relação com o Legislativo? Quantos vereadores o PSD elegeu em Ferraz de Vasconcelos?
A Câmara tem 17 vereadores. O PSD elegeu três e minha coligação elegeu seis vereadores. Eu entrei em contato com todos os vereadores eleitos e os parabenizei pela campanha e a vitória. Espero que tenhamos uma parceria para juntos fazermos um bom trabalho na cidade. Além do PSD, a coligação ‘A Escolha Certa Para Ferraz’ conta com o MDB, Podemos, PSL, Patriota e Avante.
Você teve de enfrentar o machismo durante a campanha?
Como mulher, enfrentei no período de campanha alguns desafios, falas machistas para denegrir a imagem feminina, mas nunca me abalei por isso. Quis mostrar que somos capazes de estar juntos nas tomadas de decisões, pois vivenciamos nos últimos anos um grande aumento no debate público relacionado às questões femininas. Temas como violência doméstica, assédio, maternidade, saúde, aborto e carreira, entre outros, vêm sendo debatidos na sociedade e ganhando espaço no cenário político.
A mulher na política é fundamental. Hoje temos uma baixíssima representatividade, apenas 15% do Congresso é feminino. Na Assembleia temos 19% de representatividade feminina. Na Câmara dos Vereadores da nossa cidade temos apenas uma mulher e 16 homens.
Infelizmente, não conseguimos eleger no último dia 15 nenhuma mulher para o Legislativo da cidade. O atual momento pede essa união feminina na participação das políticas públicas. Conhecemos e vivenciamos os problemas da nossa cidade e queremos ajudar a resolvê-los. O papel da mulher na política é, de fato, participar, opinar, propor e discutir políticas públicas que garantam os direitos da população.
O seu plano de governo tem projetos voltados para o combate à violência doméstica e ao feminicídio?
O meu plano de governo contempla trazer para Ferraz uma Delegacia da Mulher para oferecer um atendimento digno às nossas mulheres. Hoje, 70% das ocorrências registradas na delegacia do município são relacionadas à violência contra a mulher. A mulher que foi agredida chega na delegacia e é atendida pelo escrivão ou pelo delegado, passando certos tipos de constrangimento ao relatar o ocorrido aos profissionais homens. Trazendo uma Delegacia da Mulher, colocarei uma assistente social para fazer esse primeiro atendimento, uma psicóloga e uma delegada. Além de na delegacia ter um espaço lúdico separado para as crianças ficarem brincando, sem que precisem ouvir o que a mãe irá relatar sobre o ocorrido.
A segurança pública é uma grande preocupação dos eleitores, não só em Ferraz de Vasconcelos, mas em todo o País. Quais são seus outros projetos nessa área?
Criação de um centro de monitoramento, com a interligação da Polícia Militar, Guarda Municipal, Samu e Corpo de Bombeiros, a instalação de 150 câmeras de monitoramento e do sistema Detecta. Irei dobrar o efetivo da Guarda Municipal para poder setorizar a cidade, fazer a ronda necessária, ter as equipes especializadas em atendimento a mulheres vítimas de violência e ronda escolar, ambiental e operacional. Temos 72 guardas, mas alguns estão afastados em outras funções. Quero chegar a 150.
Você é uma pessoa ainda jovem, tem 35 anos. Na sua opinião, o que representa a participação da juventude na política? Quais são os seus projetos para os jovens de Ferraz de Vasconcelos?
Temos o compromisso de trazer projetos para o primeiro emprego, como o Jovem Aprendiz, além da parceria com o Governo Estadual para trazer a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), para dar formação aos nossos jovens. Em relação ao lazer e à cultura, estarei estruturando espaços na cidade como praças, quadras, o Centro de Convenções, o Castelo (patrimônio histórico do município construído na década de 1940) e a criação de um parque da cidade, o Ferrazão.
Qual é a situação da educação em Ferraz de Vasconcelos e quais são os seus projetos para esse setor?
Sou funcionária pública no município há 15 anos. Passei no concurso público para professora e lecionei por cinco anos. Nos demais 10 anos atuei como diretora de escola, coordenadora de escola e formadora dos diretores, coordenadores e professores do nosso município, o que me auxiliou a ter o conhecimento de todas as nossas escolas, comunidades e dificuldades que enfrentamos. Nossas escolas precisam de uma atenção em relação à zeladoria, pois os prédios se encontram em situação de abandono. Hoje temos uma fila de espera de 2.600 crianças. Quero zerar essa fila de espera ampliando as creches existentes e fazendo convênio com ONG’s e creches conveniadas. Prezarei pela qualidade do ensino, com formação continuada para os professores e funcionários, além da entrega do material escolar e uniforme no início do ano letivo. Irei trazer pra Ferraz uma Univesp, em parceria com o governo estadual, para oferecer graduação gratuitamente para nossos jovens.
Em função da pandemia de covid-19, a recuperação econômica e os projetos para a geração de empregos se tornaram temas ainda mais relevantes. O desafio que está sendo colocado para todos os gestores é o de manter o combate à doença e preservar a economia. Qual é o seu projeto para impulsionar a economia?
Estaremos criando 1.000 vagas, como era o projeto da frente de trabalho, para dar emprego para os ferrazenses e realizar a zeladoria na cidade. Criaremos um polo industrial no último terreno de dois milhões de metros quadrados da nossa cidade, no bairro do Cambiri.
Esse bairro é rural e por ele passa o Rodoanel. Porém, nós não temos a saída do Rodoanel na nossa cidade. O nosso deputado, Rodrigo Gambale, já está lutando no governo para conseguirmos fazer uma alça de saída próxima a esse bairro, ou nesse bairro mesmo. Assim que ele conseguir isso, eu, como prefeita, conseguirei montar nessa área um polo industrial. A grande dificuldade do empresário hoje é conseguir entrar e sair da cidade com o produto final. Conseguindo esse espaço, que vai ser bem próximo à saída do Rodoanel, conseguiremos atrair empresários, até mesmo de outros Estados, para colocarem suas empresas aqui na nossa cidade. Vamos conversar com eles de forma amigável para que façam a contratação de 80% a 90% de funcionários ferrazenses.
Ferraz é considerada uma cidade-dormitório, as pessoas precisam sair de madrugada para trabalhar, voltam muito tarde e ficam horas dentro da condução. Vamos conseguir trazer emprego para as pessoas e mais qualidade de vida. Em vez de ficarem tantas horas no transporte, elas terão mais horas de lazer, estarão com a família descansando e também girando a economia da nossa cidade.
