Objeto de constantes preocupações de pais e ortopedistas, as pesadas mochilas escolares voltam a fazer parte das conversas em todos os inícios de período letivo, mas sempre acabam ficando em segundo plano. Agora, porém, há uma proposta concreta para acabar com esse problema. Foi apresentado nesta terça-feira (25), na Câmara Federal, o Projeto de Lei 7794/14, que prevê que os centros educacionais (públicos e privados) disponibilizem local adequado para que os estudantes possam guardar livros e cadernos.
A proposta é do deputado federal Onofre Santo Agostini, do PSD de Santa Catarina, e tem por objetivo evitar problemas de coluna e limitar o volume de material escolar levado diariamente pelos alunos nas mochilas.
O projeto de Agostini – que foi eleito melhor deputado do Brasil em levantamento publicado no final de 2013 pela revista Veja – pede a incorporação de inciso ao artigo 12 da Lei 9.394/96, que trata das Diretrizes e Bases da Educação.
Como justificativa, Agostini reforça os danos que podem ser causados pelo excesso de peso nas mochilas. “Não apenas deve-se levar em conta os problemas físicos decorrentes da exposição diária ao peso excessivo, mas também o desgaste psicológico e motivacional envolvido na tarefa que ao invés de ser prazerosa, como é o caso de ir para a escola, se torna penosa devido ao esforço”, alegou o deputado.
Para ele, a medida é um cuidado necessário e visa o bem estar do aluno. “Os custos envolvidos com este insumo indispensável ao desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem, que promove a saúde física e psicológica de crianças e adolescentes, não representam muito quando avaliada a sua relação custo-benefício”, defendeu o deputado.
De fato, como informa o site www.brasilmedicina.com.br, o uso incorreto e o peso excessivo das mochilas exigem cuidados para que possam ser evitadas lesões e também para não torná-las uma doença crônica.
O site cita pesquisadores do Cincinnati Children’s Hospital, nos Estados Unidos, que analisaram crianças que dão entrada no pronto socorro do hospital com dor nos ombros e viram que 23% delas tinham lesões causadas pelo uso inadequado da mochila. A maioria apresentava queixas de dor na coluna e nos ombros.
Os especialistas alertam que maneira de carregar, erguer ou retirar a mochila das costas também deve ser supervisionada. Se comparada a bolsas de uso lateral a mochila tem uma melhor aceitação, pois distribui o peso dos objetos pela coluna e abdômen. Porém se estiverem com peso acima do recomendado podem causar alterações nos ombros dos pequenos.
Segundo Dr. Sérgio Xavier, ortopedista do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, o mau uso da mochila pode ocasionar desconfortos, distensões musculares e alterações posturais. “Crianças podem sofrer danos na coluna vertebral ao carregar uma mochila muito pesada. O ideal é que a bolsa não pese mais de 10% do peso corporal da criança e que tenha duas alças, pois as de uma alça só sobrecarregam apenas um ombro”, explica.
Muitos pais optam então pelo uso de mochila com rodinhas, mas, emboram reduzam o peso, se puxadas de maneira inadequada trazem os mesmos riscos. “A alça do carrinho tem que ter a altura adequada para a criança, e o peso também não pode ultrapassar a porcentagem desejada, senão o esforço feito causa lesões tão sérias quanto ao carregar nas costas”, orienta Dr. Xavier.
Por isso, avisa, os pais devem ficar atentos para qualquer reclamação do filho. Ao primeiro sinal de dor devem levá-lo ao médico especialista para uma melhor avaliação. Vale também acompanhar se o que ele leva na mochila é realmente essencial para tarefas daquele dia.
Em média, o HCor atende cerca de 10 crianças por mês com queixas de dores nos ombros, geralmente ocasionadas pelo mau uso das mochilas escolares. São problemas que se não tratados, quando detectados podem levar a alterações crônicas. É comum encontrar jovens com problemas de postura e dores persistentes nas articulações, sendo que os problemas mais comuns são dor muscular; dor na coluna cervical; ferimentos abrasivos nos ombros; modificação da postura e até mesmo desvio posturais.