A pedido da Agência de Cooperação Internacional do Japão, Juliano intermedeia trabalhos para transferir tecnologia do programa mogiano de coleta seletiva e reciclagem de lixo à Prefeitura de Suzano
Vice-prefeito Juliano Abe, do PSD, coordena transferência de tecnologia do programa para Suzano

Vice-prefeito Juliano Abe, do PSD, coordena transferência de tecnologia do programa para Suzano

 

Em quatro anos, o volume de reciclagem de lixo de Mogi das Cruzes cresceu 12 vezes, passando de 0,5% para cerca de 6% do total coletado. O avanço credenciou o município a se tornar referência em coleta seletiva na Região e levou a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês) a procurar o vice-prefeito Juliano Abe, do PSD, para viabilizar a transferência de tecnologia do programa mogiano Recicla Mogi à Prefeitura de Suzano. A primeira reunião de trabalho foi realizada no dia 17 de maio.

O Recicla Mogi, realizado desde 2013 pela Prefeitura sob a coordenação da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, resulta da parceria com a Jica e a cidade-irmã de Toyama, no Japão. “No que depender de Mogi, vamos incentivar Suzano e todos os outros municípios do Alto Tietê a desenvolverem projetos que ampliem a reciclagem porque o reaproveitamento dos descartes eleva a qualidade de vida, beneficiando o meio ambiente e gerando empregos na cadeia produtiva do lixo”, pontuou o vice-prefeito.

“Reconhecemos os avanços do programa e vemos que pode ser ampliado para Suzano. Ou servir de base para formatação de outro projeto. A partir da experiência de Mogi, queremos limitar erros e aprimorar acertos”, explicou a representante da Jica/São Paulo, Érica Hieda.

Empolgado com a ideia, o secretário de Meio Ambiente de Suzano, Carlos Watanabe, quis ter uma visão geral do sistema de coleta, triagem e reciclagem do lixo em Mogi. “Buscamos referência porque as ações em Suzano sairão do zero”, assinalou, ao observar que a administração susanense deve ter ajuda da cidade-irmã Komatsu, ao lado da Jica.

Segundo o secretário municipal de Serviços Urbanos, Dirceu Lorena de Meira, as ações do modelo mogiano apoiam-se no tripé investimento estrutural, educação com conscientização e fiscalização.

Juliano alertou que um dos fundamentos para o sucesso da empreitada é a integração entre as secretarias municipais de Meio Ambiente e Serviços Urbanos. “O programa é uma bandeira da Prefeitura e os órgãos envolvidos atuam em perfeita sinergia para viabilizar cada uma das ações”. O Recicla Mogi responde pela reciclagem de 600 toneladas de lixo por mês. O volume equivale a 6% do total de 10 mil toneladas mensais produzidas pelos mogianos, índice próximo ao de cidades estrangeiras consideradas exemplo mundial.

No Programa Recicla Mogi, a cidade está organizada em 12 regiões e, em cada uma delas, o caminhão passa duas vezes por semana, recolhendo o material separado entre lixo seco e úmido. Para a implementação, técnicos de Mogi das Cruzes viajaram para Toyama – referência mundial no assunto – e conheceram a tecnologia utilizada na área.

Durante o processo de implantação do programa, os japoneses vieram para cá e analisaram o andamento do trabalho, que foi considerado muito bom e dentro dos parâmetros seguidos na cidade-irmã.

O caminhão do Recicla Mogi tem pintura específica, na cor laranja, e percorre um caminho definido. Após recolher o material nos bairros, duas vezes por semana, o veículo destina o lixo para a Usina de Triagem da Vila São Francisco, onde trabalham os catadores.

O material segue o caminho natural da reciclagem. A cooperativa Cata-Sampa, uma das maiores do país e com conhecimento específico na área, coordena o trabalho realizado no local.

A usina conta com boa estrutura, com esteira para separação do material, e a Cata-Sampa gerencia todo o processo. Quanto maior o volume de material reciclado, mais trabalho existe para os catadores e isso significa inclusão social e geração de renda, além de respeito ao meio ambiente. Atualmente, 30 catadores trabalham na usina.

Lixo seco e úmido – O Recicla Mogi dinamizou e consolidou a coleta seletiva de lixo, implantada em 2004, na gestão do prefeito Junji Abe (PSD). O programa manteve o conceito de separação do lixo entre material úmido (orgânico, como restos de comida, por exemplo) e seco (recicláveis, como metal, vidro, plástico e papel). Nas etapas iniciais, houve distribuição de sacos plásticos transparentes nos bairros atendidos.

O objetivo era que os moradores colocassem o material seco nessas embalagens, facilitando a identificação visual e agilizando o trabalho dos agentes de coleta durante a passagem dos caminhões.

Com o tempo, os próprios moradores se acostumaram à medida e passaram a usar sacos de cores diferentes no processo de separação. Esta medida simples também ajuda os trabalhadores da Usina de Triagem, porque a separação do material reciclável torna-se mais rápida e prática.

A estrutura da coleta seletiva não é formada apenas pelo Recicla Mogi. Além do programa, há seis ecopontos. Um está instalado no Parque Olímpico, outro no Jardim Armênia. Há ainda quatro unidades que operam nas Administrações Regionais de Sabaúna, Quatinga, Biritiba Ussu e Taiaçupeba.

Os ecopontos das regionais aceitam o descarte de papel, vidro, metal, papelão e óleo de cozinha – não recebem pneus, móveis e material de construção, como ocorre nas unidades do Parque Olímpico e Jardim Armênia.