Levantamento de uma consultoria internacional colocou a cidade de São Paulo na frente de Nova York em um ranking de qualidade de mobilidade urbana, segundo reportagem publicada pelo portal G1, da TV Globo, nesta quarta-feira (26). Os custos relativos das passagens do transporte público e a integração de passagens de ônibus, metrôs e trens foram os fatores decisivos do desempenho da capital paulista. Por outro lado, a cidade teve mal desempenho na questão dos pesados congestionamentos.
A consultoria Arthur D. Little, que elaborou o ranking “Futuro da Mobilidade Urbana”, comparou 84 cidades do mundo levando em conta 19 critérios relativos à performance e maturidade da mobilidade urbana.
São Paulo ficou em 34º lugar, uma posição à frente de Nova York. As primeiras três posições foram ocupadas respectivamente por Hong Kong, Estocolmo e Amsterdã.
Outras duas cidades brasileiras foram analisadas: Curitiba (39 ͣ) e Rio de Janeiro (40º).
Integração de ônibus e trem
De acordo com o estudo, uma boa frequência dos meios de transporte público e o Bilhete Único, que permite aos passageiros trocar de ônibus para trens e metrô foram fatores que contribuíram positivamente para o desempenho de São Paulo.
Na gestão de Gilberto Kassab (2006-2012) na Prefeitura de São Paulo, o Bilhete Único passou a valer também no metrô e na CPTM.
A integração de todo o sistema de transporte coletivo com o Bilhete Único foi concluída em setembro de 2006. Além da integração, a partir de julho de 2008 Kassab também aumentou o tempo de validade do Bilhete Único, passando de 2 para 3 horas. Com isso, o cidadão pode fazer até quatro viagens, sendo uma de trem ou metrô – até duas horas a partir da primeira validação no ônibus – e as demais no sistema de ônibus da cidade, durante o período de três horas da primeira validação.
O custo do Bilhete Único Integrado é de R$ 4,65. O desconto pode chegar a R$ 7,35 no período (4 passagens de trem, metrô ou ônibus saem por R$ 12), ou R$ 14,70 para o passageiro ir e voltar do trabalho, por exemplo.
Em 2012, mais de 5 milhões de passageiros utilizavam o benefício todos os dias. No total, eram 17,8 milhões de Bilhetes Únicos.
Os fatores mais positivos encontrados no cenário de mobilidade de Nova York foram as baixas taxas de emissão de poluição (gás carbônico e partículas) dos meios de transporte e a baixa taxa de mortes no trânsito – que é um quinto do índice paulistano.
Em São Paulo, a gestão Kassab implementou em 2008 a inspeção veicular, com benefícios que equivaliam a retirada de 1,4 milhão de veículos das ruas. Kassab implantou ainda o Programa Ecofrota, para substituir o uso de combustíveis fósseis por renováveis na frota de 15 mil ônibus paulistana. No final de 2012, eram mais de 1.200 coletivos que utilizavam algum tipo de combustível limpo, como etanol, diesel de cana-de-açúcar e B20 (adição de 20% de biodiesel ao diesel). O Ecofrota reduziu em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012.
De acordo com a Arthur D. Little, a taxa média de mortes no trânsito na cidade americana é de 16 para cada 1 milhão de habitantes. Em São Paulo esse número chega a 78.
Na Prefeitura, Kassab priorizou medidas e campanhas de proteção e de respeito aos meios de transporte não-motorizados, como os pedestres e os ciclistas. Além disso, criou um programa de padronização de velocidade em ruas e avenidas paulistanas para aumentar a segurança no trânsito e reduzir a gravidade dos acidentes.
Iniciado em 2010, foram mais de 420 km de vias que tiveram suas velocidades padronizadas e reduzidas. Como resultado, a avenida 23 de Maio, por exemplo, registrou redução de 38% nos acidentes em 2011 em relação ao ano anterior.
Lançado em maio de 2011, o Programa de Proteção ao Pedestre tinha como meta criar uma cultura de respeito e civilidade na relação entre motoristas de veículos motorizados e pedestres. No primeiro ano do programa, as ações de cunho educativo de respeito ao pedestre contribuíram para a queda de 40% de atropelamentos com mortes na região central e da avenida Paulista e de 10,7% no município de São Paulo.
A redução de vítimas de atropelamentos se manteve em 2013 na cidade de São Paulo. Em 2005, morreram 748 pessoas, vítimas de atropelamentos, e em 2013, 514, redução de 31,3% no período. A estatística mostra que a queda do número de mortes foi também significativa no total de acidentes de trânsito – incluindo pedestres, motoristas, passageiros e motociclistas. Em 2013, foram 1.152 casos, ante 1.505 em 2005, redução de 23,5%.