O número de mortes por dengue na Cidade de São Paulo chegou a oito neste ano. Nesta quinta-feira (5), conforme os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo, foram confirmadas pela Prefeitura mais três mortes e 1.612 novos casos na capital. Com isso, em 2014 são 8.508 casos confirmados.
Agora, 94 dos 96 distritos da capital registram casos da doença. Apenas Marsilac e Socorro, na Zona Sul, não confirmaram casos. Sete distritos estão em nível de emergência: Jaguaré, Lapa, Rio Pequeno, Raposos Tavares, Vila Jacuí, Tremembé e Pirituba. A situação é mais grave no Jaguaré, onde a taxa de incidência atingiu 2.292,3 casos por 100 mil habitantes.
A situação demonstra o quanto são importantes o planejamento e as ações de prevenção para o efetivo combate à dengue. Além de ter aumentado o investimento na Saúde ao longo da gestão (de 15% para 20% do Orçamento), a administração de Gilberto Kassab à frente da Prefeitura promoveu a descentralização das ações preventivas, afastou o risco de epidemia e obteve grande redução no número de casos nos últimos três anos de gestão: de 5.866, em 2010, para 4.161 em 2011 e 1.150 em 2012.
O ano todo de 2012 em comparação com 2011 registrou uma queda de 72% nos casos. Entretanto, em 2013 os casos voltaram a crescer. Aumento de 127,5%, ou seja, mais que o dobro em relação a 2012. Se compararmos os dados atuais de 2014 com 2012, o crescimento é de impressionantes 740%. Em relação a 2013, quando foram registrados 2.617 casos, o aumento é de 325%.
Em 2011, a cidade ficou entre as dez capitais com situação satisfatória em relação à dengue, de acordo com o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado à época pelo Ministério da Saúde. Pela classificação, os municípios que apresentaram índice menor que 1% tinham menos risco de ocorrência de epidemia da doença no ano seguinte (2012). Na capital paulista, o índice foi de 0,07%.
A descentralização dos agentes de zoonoses, estratégia implementada pela Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) a partir de 2009, foi fundamental para o controle e a redução dos casos de dengue em São Paulo, durante a gestão Kassab. Distribuídos pela cidade, os agentes formavam grupos nas áreas mapeadas pela COVISA em conjunto com as Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS).
Cada agente desenvolvia o seu trabalho num determinado raio de abrangência, tendo como ponto de apoio, entre outros, unidades de saúde e escolas, o que facilitava o seu deslocamento nas regiões localizadas no entorno de sua “base de trabalho”. Antes dessa mudança, os agentes ficavam lotados em 25 SUVIS e, após a descentralização, passaram a desenvolver suas atividades de maneira mais abrangente e focada nas regiões mais vulneráveis.
Com essa medida, o trabalho preventivo ganhou mais eficiência e os resultados ficaram muito próximos das metas traçadas pela COVISA. Além disso, a estratégia favoreceu a formação de vínculos entre os agentes e os cidadãos.
Esse trabalho desenvolvido pelo Município contava com 2,7 mil agentes de zoonoses e 6 mil agentes comunitários de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF), que trabalhavam ininterruptamente durante o ano inteiro. Responsável pela mesma região, o profissional passava a conhecer os moradores e ser reconhecido por eles.
A confiança da população no trabalho dos técnicos municipais facilitou o acesso às residências e, também, o engajamento das pessoas que passaram a seguir as orientações fornecidas para evitar o surgimento de focos. Havia um grande estímulo ao que é mais importante no controle da dengue: a adesão da população na prevenção diária e ininterrupta da doença, afinal estudos técnicos comprovam que 90% dos criadouros se encontram nas residências.
Além de descentralizar a ação dos agentes, a COVISA desenvolvia várias ações de orientação e esclarecimento para a população. Palestras em escolas da rede pública municipal, peças de teatro, capacitação de profissionais educadores, potenciais multiplicadores de informações de prevenção, e farta distribuição de materiais informativos.
Propagandas em emissoras de rádio, TV e mídia impressa eram feitas sistematicamente antes das épocas mais propícias para a formação dos criadouros. Gravações telefônicas com informações sobre a doença, disparadas para milhões de residências, também eram utilizadas como forma de informar e estimular os paulistanos a evitar a proliferação do transmissor da dengue.