Jornal Nacional informa que, além de economia e chuva, São Paulo precisa de estações de água de reuso a partir de esgoto; interligação do Sistema Cantareira com a bacia do Rio Paraíba do Sul e reservatório São Lourenço.
Nível do Sistema Cantareira caiu a 9.3%, iá incluindo o segundo volume morto

Nível do Sistema Cantareira caiu a 9.3%, iá incluindo o segundo volume morto

 

 

Reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (25) informa que o Estado de São Paulo precisa de mais do que chuva para sair da crise hídrica que enfrenta desde o final de 2013. O volume de água do sistema Cantareira atingiu 9,3% já contando a segunda reserva do volume morto. É mais um recorde negativo, batido no período de estiagem mais longo de que se tem notícia no Estado.

Segundo a reportagem, em 2014, a região metropolitana onde vive um de cada dez brasileiros e que produz quase 20% da riqueza do país se descobriu pobre de um recurso elementar. A seca levou os mananciais geridos pela Sabesp, empresa controlada pelo governo do estado de São Paulo, aos níveis mais críticos da história.

A reportagem questiona a capacidade de recuperação do Sistema Cantareira e de outros reservatórios que foram usados em maior intensidade para diminuir a sangria. A Sabesp fala em dois anos, com chuvas dentro da média já a partir dos próximos meses.

“Nós teremos que avaliar novas medidas, de forma até mais drástica, reduzindo de fato a entrega de água para população”, disse ao JN Marco Antônio Lopes Barros, superintendente de produção de água da Sabesp. Ao ser indagado se o racionamento não está 100% descartado, responde: “Ele nunca foi descartado”.

Conforme a reportagem, o fornecimento de água, que foi de 70 metros cúbicos, ou 70 mil litros de água por segundo, até o ano passado, já foi reduzido para 58 metros cúbicos. Segundo a Sabesp, isso foi possível pela economia dos consumidores, incentivada por descontos nas contas, e por manobras como a interligação de reservatórios e a diminuição de pressão nas redes, que reduz perdas por vazamentos nas tubulações.

As chuvas trarão alívio, sem dúvida. Mas já foi anunciado que o padrão de abastecimento anterior à crise nunca será retomado. A redução veio para ficar. O que para algumas regiões significa ter que se adaptar a uma nova realidade. Que incomoda muita gente.

“Essa questão da economia eu imagino que já deva estar na cabeça de todo mundo. Quer dizer, hoje, se não fizer economia, nós vamos ter um problema enorme no ano que vem”, afirma Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água e professor titular da Poli/USP.

Pensando no futuro, além de economia e chuva, São Paulo precisa de obras. Para as maiores, o governo já pediu ajuda de quase R$ 4 bilhões aos cofres federais.

Os projetos para aumentar a oferta de água incluem estações de produção de água de reuso a partir de esgoto, previstas para o fim do ano que vem; interligação do Sistema Cantareira com a bacia do Rio Paraíba do Sul, para 2016; reservatório São Lourenço, para 2018. Com outras obras, seriam 25 metros cúbicos por segundo a mais, em quatro anos, atingindo quase 100 metros cúbicos.

Os estudiosos não têm dúvidas: pelo seu tamanho e localização geográfica, São Paulo terá mesmo que buscar água cada vez mais longe. Uma solução de longo prazo seria o Rio Juquiá, no Vale do Ribeira. Obra demorada e muito cara, mas que dobraria a oferta de água para a Grande São Paulo.