O prefeito de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli, fala em entrevista sobre os desafios já superados e o que ainda está por vir em sua gestão.

 

005_IMG_9482_VISTORIA OBRAS PAVIMENTACAO DE JUNDIAPEBA

Bertaiolli vistoria obras de pavimentação: “Estamos hoje entre as cinquenta melhores cidades do Brasil.”

 

 

fala-prefeito

 

Você sabia que existem profissionais de Administração especializados em gerência de cidades? Marco Bertaiolli é um deles. Eleito em 2008 e reeleito em 2012 com mais de 80 por cento dos votos em Mogi das Cruzes, esse prefeito do PSD fez carreira administrativa e política na própria cidade e, nesta entrevista, fala com orgulho dos desafios que conseguiu superar.

– Quais foram os principais desafios de sua gestão?

– Administrar uma cidade de 500 mil habitantes, inserida na Região Metropolitana de São Paulo, é enfrentar desafios todos os dias. Mas, sem dúvida, alguns setores são mais emblemáticos e receberam um volume maior de investimentos. Os primeiros deles foram a Educação e a Saúde. Embora seja um clichê falar em priorizar estas duas áreas, os números em Mogi das Cruzes comprovam que o compromisso assumido foi cumprido e até ultrapassado. Na Educação, construímos e estamos entregando, funcionando, um total de 75 unidades escolares, entre creches e escolas de Educação Infantil e Fundamental I, além de um novo e moderno prédio para a Secretaria Municipal de Educação. Mas este crescimento não foi apenas em prédios.

Na Educação, foram construídas e entregues até agora 75 unidades escolares, entre creches e escolas de Educação Infantil e Fundamental I

Na Educação, foram construídas e entregues até agora 75 unidades escolares, entre creches e escolas de Educação Infantil e Fundamental I

Para se ter uma ideia, quando chegamos na Prefeitura, em 2009, tínhamos matriculados um total de 31.656 alunos. Este ano, são 44.789, um crescimento de 41,5%. Destes, cerca de 23 mil estudam em período integral dentro do Programa Escola em Tempo Integral que não existia antes no município. Estes alunos ficam o dia inteiro sob a responsabilidade da Prefeitura de Mogi das Cruzes. Recebem cinco refeições, do café da manhã à janta. Realizam oficinas complementares de esporte, cultura, música, dança, entre outras atividades que podem ser desenvolvidas tanto na escola, como fora dela no conceito da Cidade Educadora, onde os muros devem ser transpostos em nome do conhecimento e de novos horizontes. Para atender esta logística, a Prefeitura de Mogi das Cruzes tem uma frota de quase 100 ônibus que transportam os alunos de um lado para o outro com segurança e conforto.

E na Saúde?

– Os números também impressionam. Dobramos o número de unidades de Mogi das Cruzes. Quando chegamos à Prefeitura existiam 34 em funcionamento. Vamos terminar a administração, em dezembro de 2016, com 68 equipamentos. Entre eles, um Hospital Municipal, que era uma reivindicação da população há mais de 50 anos, duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para urgência e emergência, que funcionam 24 horas, de segunda a segunda, e possuem um corpo de funcionários e equipamentos igual (ou melhor) que um pronto socorro de hospital. Também trouxemos para Mogi das Cruzes o Samu, que de forma inédita em todo o Brasil foi instalado no prédio do Corpo de Bombeiros e funciona com um único número de chamada. Através do 192, a pessoa entra em contato com a Central Única de Remoções e Emergências (Cure) e é atendida por profissionais especializados e capacitados para identificar a ocorrência. Em casos mais graves, um médico orienta quem fez o chamado e decide se vai uma ambulância normal, uma viatura do Samu com ou sem UTI ou se é o caso de disparar o alerta para os Bombeiros.

O prefeito durante vistoria de obras do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes

O prefeito durante vistoria de obras do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes

Ou seja, não tem mais aquele desespero de ficar procurando de um lado para o outro, sem saber para quem ligar ou a quem pedir socorro. Estes são alguns exemplos da Rede Municipal de Saúde que foi toda informatizada dentro do Sistema Integrado de Saúde (SIS) e também atende por um único telefone, o 160. Com ligação gratuita, o paciente acessa tanto o setor de consultas como o de exames. Faz tudo pelo mesmo sistema que mantém, no banco de dados do SIS, todo o histórico do paciente, desde as consultas, os exames feitos, medicamentos prescritos e até as possíveis faltas. Com o SIS, conseguimos acompanhar todo o tratamento e também mapear casos de violência, principalmente contra crianças e idosos, já que todos os atendimentos ficam registrados e o médico, no computador da sua sala, consegue visualizar tudo o que aconteceu desde que a pessoa fez o cadastro do SIS.

Foram esses os principais resultados obtidos?

– Olha… há resultados em todas as áreas, mas o maior deles é quando você percebe a mudança na qualidade de vida das pessoas. Este é o maior patrimônio, o maior legado que um administrador público pode ter. Por exemplo, implantamos nestes últimos oito anos um total de 75 Academias da Terceira Idade (ATIs) em praças e espaços públicos. Foi uma novidade porque não existia este programa na cidade e, diferente de outros lugares, mantemos professores em dias e horários pré-determinados para que as pessoas possam receber orientação. Esses equipamentos tiraram as pessoas de casa, levaram para a praça, possibilitaram uma integração e um convívio social que reduz problemas de saúde e ainda manda embora a depressão e o isolamento que, muitas vezes, acometem os mais velhos. Temos diversos relatos de como a vida dessas pessoas mudou.

E quais problemas ainda persistem?

– Mogi das Cruzes não é o paraíso na terra. Tem muito a ser feito, mas é preciso reconhecer o muito que foi feito. Estamos hoje entre as cinquenta melhores cidades do Brasil. É uma cidade que cresce todos os dias e hoje é preciso preservar esse crescimento, sem permitir o inchaço. Este é o grande desafio.

Você destacou avanços nos serviços públicos. Mas e a mobilidade urbana? É um problema cada vez mais grave nas maiores cidades…

Obras do túnel do Complexo Viário que vai ligar a Rua Ricardo Vilela a Engenheiro Hamilton da Silva e Costa.

Obras do túnel do Complexo Viário que vai ligar a Rua Ricardo Vilela a Engenheiro Hamilton da Silva e Costa.

– Estamos hoje executando duas importantes obras de mobilidade urbana. Diria, até mesmo, que são as maiores obras dos 455 anos de história da nossa cidade. Uma delas é o Complexo Viário Jornalista Tote Da San Biagio, com um investimento de aproximadamente R$ 130 milhões, que inclui recursos do Ministério das Cidades e da Prefeitura de Mogi das Cruzes. Esta obra acaba de vez com a transposição pela linha férrea, com o conflito entre pedestres, trens e veículos, além de acabar de vez com a segregação que separava um lado do outro da cidade, dividindo inclusive o seu desenvolvimento econômico e social. São dois túneis, um que entra e outro que sai da cidade. Esta é uma obra de muito arrojo administrativo, principalmente num momento de crise como o Brasil enfrenta nos últimos meses. Mas é uma obra que foi cuidadosamente projetada e está sendo executada dentro de um alto padrão tecnológico, até porque acontece num ponto nevrálgico da cidade e sem que o transporte de trens seja interrompido. Além de agilizar o trânsito, acabar com problemas históricos e dar a mobilidade urbana ao centro antigo de Mogi das Cruzes, esta obra acaba com uma reivindicação da população de mais de 50 anos. A outra obra de mobilidade urbana cria um novo corredor de ônibus e desenvolvimento entre Mogi das Cruzes e o Rodoanel. A nova Avenida das Orquídeas é uma obra de R$ 88 milhões e abre uma nova porta de entrada e saída da cidade. Enfim, chegamos ao final dos oito anos de mandato com todas as obras prometidas, entregues ou em fase final de conclusão. Fizemos até mais do que nos comprometemos a fazer no nosso Plano de Governo. Temos para concluir 33 obras dentro de um investimento de R$ 1 bilhão que foi projetado. Tínhamos o compromisso de fazer 100 obras e serviços, vamos entregar o mandato com quase 150 porque ao longo dos meses fomos incluindo novas necessidades e aproveitando oportunidades.

Quais são as perspectivas do PSD para as eleições deste ano?

– Estamos disputando novamente o cargo de prefeito, além de trabalhar para manter ou até ampliar a bancada na Câmara de Vereadores, que hoje é formada por quatro representantes do nosso partido. Teremos 35 candidatos disputando vaga na Câmara Municipal.

– Os municípios brasileiros, de modo geral, estão em situação de enorme dificuldade. Como um prefeito deve enfrentar isso?

– A situação dos municípios hoje é muito difícil por causa da crise econômica que reduz a receita, diminuindo inclusive os repasses do Governo Federal. Se por um lado a arrecadação vem caindo ou se mantendo a mesma de dois anos atrás, por outro, a demanda por serviços públicos vem crescendo cada vez mais, seja por um avanço na qualidade oferecida, como é o caso de Mogi, seja em razão da crise econômica que tem apertado o cinto de todos. O maior desafio dos municípios, na minha opinião, é equilibrar esta situação, evitando uma quebra como estamos vendo ocorrer em algumas cidades, onde as Prefeituras não têm mais recurso nem mesmo para a folha de pagamento. É preciso administrar o orçamento com muito rigor e trabalhar para que o Brasil volte a crescer, saindo deste marasmo.

Como tem sido sua carreira política? Tem projetos futuros?

– Sou formado em Administração com pós-graduação em Gerência da Cidade. Sou comerciante por formação profissional e fui o mais jovem presidente da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, aos 23 anos, onde aprendi muito sobre políticas públicas e comecei a trabalhar pela organização, fomento e fortalecimento das pequenas e microempresas. Fui para a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e ampliei essa visão. Ingressei na vida política propriamente dita em 1996, quando me tornei vereador em Mogi das Cruzes, sendo reeleito em 2000. Depois fui vice-prefeito e deputado estadual. Em 2008 disputei a eleição para prefeito, ganhando no primeiro turno. Fui reeleito com 80,2% dos votos, o que representa a maior votação do País. Para o futuro, quero dar continuidade à minha vida pública, estando sempre à disposição do partido.