Os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo analisam os resultados das eleições de outubro e a força mostrada pelo PSD.
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Encontro reuniu os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, consultores da fundação.

 

Assim como favoreceram o PSD, que se tornou praticamente o único partido grande entre as siglas que surgiram nos últimos 15 anos, as eleições municipais de outubro passado deixaram clara uma mudança importante na opinião pública, que se mostrou amplamente favorável a temas como privatização e ajuste das contas públicas. Essas foram algumas das conclusões do debate promovido nesta terça-feira (8) pelo Espaço Democrático, a fundação do PSD para estudos e formação política, sobre o tema “O Brasil que sai das Urnas”.

Reunindo os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, consultores da fundação, o Encontro Democrático desta terça é parte da série de eventos que vêm sendo promovidos para discutir as questões que provocam impacto direto na atuação daqueles que estão ou pretendem entrar na vida pública. Temas como saúde, saneamento, educação, turismo, esportes, transporte urbano e parcerias público-privadas foram alguns dos apresentados até o momento. A íntegra dos debates é publicada no site do Espaço Democrático.

 

Veja, em vídeo, como foi o encontro
 

Doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o professor Rogério Schmitt deu, em sua palestra, uma visão geral da participação eleitoral e analisou resultados em termos partidários, destacando a performance do PSD. Para ele, o partido “foi disparado o que teve o melhor desempenho na eleição de outubro entre os novos, apesar de não ser o mais antigo da geração de partidos do Século XXI”.

Segundo disse, a rigor o PSD seria o único partido em condições de sobreviver caso sejam aprovadas algumas das mudanças que vêm sendo discutidas no âmbito da reforma política, a exemplo da cláusula de barreira.

Schmitt considerou também que a cobertura da mídia sobre a questão da abstenção e dos votos brancos e nulos teve um tom alarmista, “dando a impressão de que isso está aumentando, o que não é verdade”. Segundo ele, a abstenção dos eleitores em outubro ficou por volta de 17%, sendo que, em 2014, na eleição presidencial, foi de quase 20%. “Não votar não significa sempre apatia ou protesto, pois as causas podem ser várias. Uma delas é o processo de envelhecimento da população, que libera uma parcela crescente de eleitores da obrigação do voto”, afirmou.

 

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O Encontro Democrático foi parte da série de eventos que vêm sendo promovidos para discutir as questões que provocam impacto direto na atuação daqueles que estão ou pretendem entrar na vida pública.

 

Rubens Figueiredo, pós-graduado em Ciência Política pela USP e especialista em pesquisas, também expressou dúvidas sobre a cobertura jornalística do resultado das urnas, afirmando que muitas constatações ligeiras foram tão repisadas que acabaram se firmando como fatos. “Elas se baseiam em números que não mostram o contexto”, disse.

Esse contexto, porém, aponta para fatos incontestáveis, disse Figueiredo. “Um deles é que o modelo de comunicação do PT se esgotou, depois de ter feito muito sucesso em anos passados. Não é mais aceitável desrespeitar o eleitor com promessas grandiloquentes, mas inviáveis”, explicou.

O mais impressionante, no entanto, na visão de Rubens Figueiredo, foi a guinada observada na opinião pública em relação a temas como privatização e ajuste de contas públicas. “Há muito pouco tempo candidatos acusados de serem favoráveis à privatização eram obrigados a se defender, negar e vestir roupas carregadas de adesivos de estatais, mas mesmo assim perdiam eleições. Agora, quem se mostrou favorável à privatização e a cortes de gastos públicos foi eleito com ampla maioria”, completou.