10/06/2016
A cidade está suja. É o que se vê em todas as regiões da capital paulista, com entulho acumulado, pontos viciados de descarte que não recebem serviços e com varrição deficiente. Relatório publicado nesta semana pela ouvidoria municipal corrobora a percepção e mostra que, no primeiro trimestre de 2016, as reclamações registradas sobre os serviços de limpeza e jardinagem bateram recorde, com 773 protocolos, o maior número desde que a medição foi iniciada, em 2005. A quantidade equivale a 16,6% do total de reclamações nos três primeiros meses deste ano.
Ao final de 2011, em iniciativa da gestão de Gilberto Kassab, a Prefeitura de São Paulo adotou um novo modelo de limpeza pública que aumentou a eficiência do trabalho realizado e deixou a cidade mais limpa. Reportagem do jornal Estado de S. Paulo, em janeiro de 2012, mostrava que a quantidade de lixo coletada aumentou e que a população já percebia os bons resultados, seja em áreas comercias nos bairros, seja no centro da cidade.
Quatro anos depois, infelizmente, a situação mudou para pior. Agora a reportagem do Estado esteve no Centro e nas zonas Sul, Norte e Leste da cidade e, em todas, encontrou problemas. Nas áreas mais carentes, constatou, os problemas são mais graves. A população afirma que há locais em que o lixo se acumula durante dias, ou até semanas, antes que seja recolhido pela Prefeitura. A falta de serviços de jardinagem tem criado verdadeiros esconderijos para ladrões.
Uma moradora de uma travessa da avenida Nordestina, em São Miguel Paulista, relata a situação de um córrego próximo, coberto por mato alto, repleto de lixo e entulho. Ela conta que os vizinhos chegaram a se juntar para cortar a grama e instalar vasos, com dinheiro próprio. O local, afirmam, é usado como esconderijo para criminosos, seja para fugir da polícia, seja para assaltar moradores da região. Também serve como criadouro de pragas, como ratos e baratas.
Zona Norte. Na Avenida Inajar de Souza, perto da Fábrica de Cultura, o lixo despejado no entorno se acumula por dias, interditando as calçadas. Pedestres caminham pela rua para conseguir passar. Comerciantes relatam que chegam a limpar por conta própria os restos de televisões, colchões, sacos rasgados e carcaças de automóveis. Em ruas com muitas empresas instaladas no Limão, a lixo espalhado fora dos sacos plásticos em todas as esquinas.
Novo modelo deixou a cidade mais limpa
Em dezembro de 2011 passou a funcionar na cidade um novo modelo dos serviços de limpeza pública, conhecidos anteriormente apenas como serviços de varrição. O modelo otimizava os serviços de varrição e complementares – que compreendem a remoção de entulho, lavagem de vias e monumentos, conservação de logradouros, capinação e pintura de guias – e agrega serviços como a operação dos Ecopontos, limpeza e desobstrução de bueiros e bocas de lobo, operações Cata-Bagulho, além da instalação de 150 mil novas lixeiras e 1.500 Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis (PEVs).
Já em janeiro do ano seguinte, reportagem do Estado de S. Paulo registrou os avanços. Em 15 regiões visitadas, moradores e comerciantes relataram melhoria na limpeza das ruas. O volume recolhido aumentou 20% nos primeiros 30 dias do novo modelo, passando de 1,6 mil toneladas por dia para 1,9 mil toneladas. O texto destacava as novas atividades: limpeza dos bueiros, recolhimento de entulhos e trabalho aos domingos. O método de varrição dos agentes também foi elogiado: uma equipe de três varredores vai na frente acumulando montes de sujeira e outro trio vem logo atrás para limpar o que foi acumulado. As empresas usam caminhões-pipa para lavar as calçadas depois da varrição, medida que aumentou a percepção de melhoria da limpeza das vias. A lavagem das avenidas comerciais e de vias próximas de estações de metrô e de terminais de ônibus passaram a fazer parte do novo modelo.
Além dos elogios nos bairros, no Centro a situação chamou mais a atenção. Em Santa Cecília, Barra Funda e Higienópolis, regiões que sofriam com o “garimpo” feito por pessoas em situação de rua e catadores de material reciclável no lixo de comércios e de condomínios, os agentes passaram a recolher os restos que eram retirados dos sacos e que, no passado, eram deixados nas vias.
No novo modelo trabalham cerca de 13 mil pessoas, com 660 veículos, entre coletores, caminhões pipa e varredeiras. Foram instaladas 150 mil novas lixeiras, confeccionadas com material reciclável e equipadas com cinzeiro. Cada uma é identificada com chip ou código de barras para a fiscalização por parte da Prefeitura da sua manutenção e higienização. A administração dos Ecopontos, locais para entrega de entulho e inservíveis, passou a ser feita pelas empresas, abertos de segunda à sábado, das 6h às 22h, e aos domingos das 6h às 18h, para que a população tenha maior facilidade para descartar grandes volumes que não podem ser retirados pela coleta de lixo. As operações Cata-Bagulho também passaram a ser feitas pelas novas contratadas.
Novos equipamentos passaram a ser usados na limpeza. Varredeira; caminhão Antares, Pipa e Hidrojato – três tipos diferentes de caminhões utilizados para a lavagem de vias; caminhão Coletor Compactador; caminhão Basculante – utilizado para a coleta e o transporte de grande quantidade de resíduos; caminhão Carroceria – utilizado para a coleta e transporte de grandes objetos; caminhão Delivery – veículo de pequeno porte (VUC) utilizado em locais de difícil acesso e restrição; caminhão Munck – veículo com braço mecânico utilizado para levantar contêineres e caçambas; coletor de feira – Contêiner de material plástico aberto em sua extremidade superior; Lutocar – “Carrinhos” utilizados pelos varredores para transportar os resíduos de varrição; Varredeira pequena.
Link: https://psd-sp.org.br/saopaulo/com-servico-deficiente-reclamacoes-de-limpeza-batem-recorde/
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