01/04/2019
José Police Neto, vereador do PSD em São Paulo, no Jornal SP Norte.
Manhã do dia 13 de março de 2019. Dois adolescentes entram na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, e começam a atirar nas crianças e nos funcionários. No total, 10 pessoas morreram, inclusive os dois jovens que cometeram os crimes e se suicidarem após a barbárie.
O país parou para tentar entender o que havia ocorrido. Cenas que chocaram o mundo circularam pelas redes sociais numa velocidade espantosa. Todos choraram suas perdas.
Mas o que fazer para evitar este tipo de situação? Como combater uma situação tão dolorosa e que tem se repetido de maneira assustadora? É claro que as questões objetivas de segurança precisam ser levadas em consideração, mas dependem sobretudo de políticas de Estado.
E o que o cidadão pode fazer já? No âmbito das famílias e dos educadores, acredito que a melhor forma de enfrentar esse desafio é com muito diálogo, dedicação e paciência. Munidos de informação e a capacidade de ouvir e entender os jovens, podemos todos agir na prevenção.
A saúde emocional é hoje um problema sensível e crônico em nossa sociedade, seja qual for a faixa etária. O modelo de mundo que criamos estimula a competição, a individualidade e a alta performance. Desaprendemos a lidar com nossas frustações, nossos medos e nossa raiva. Sintomas de uma vida comum. Todo ser humano passou ou passará por situações difíceis. O que pode fazer a diferença é a forma como lidamos com esses sentimentos. E isso deve, necessariamente, ser encarado em casa e na escola.
O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016 – em média, um caso a cada 46 minutos. O número representa um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior, quando 11.178 pessoas tiraram a própria vida. O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Já somos a 8º nação no mundo em número de pessoas que tiram a própria vida. Mas sabemos também, por meio de dados objetivos divulgados pela Organização Mundial de Saúde, que 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados a partir do diálogo, com ajuda psicológica.
Junto com profissionais da área da saúde emocional, aprovamos em 2017 a lei 16.765. Trata-se de envolver o poder público municipal no debate efetivo sobre a valorização da vida e o combate ao suicídio. O problema é que até agora quase nada previsto na lei foi aplicado efetivamente. Precisamos conversar com nossas crianças, jovens e famílias para entender de fato seus traumas, seus receios e suas dores. E, a partir de um diagnóstico técnico, desenvolver práticas que acolherão essas pessoas num conceito de humanização, de tolerância e de total apego à vida. Estar atento para identificar os problemas a partir do ponto de vista do outro é o primeiro passo para abrir o diálogo e buscar ajuda especializada para essa pessoa.
Não podemos transferir a responsabilidade de educar nossas crianças à internet e jogos. O ambiente virtual pode ser tão perigoso quanto a realidade. Precisamos dedicar parte importante da nossa vida aos cuidados emocionais daqueles que mais amamos.
Link: https://psd-sp.org.br/saopaulo/police-neto-saber-ouvir/
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