“A Prefeitura destruiu a Operação Delegada”, afirma Camilo

25/04/2016

“A atual gestão da Prefeitura de São Paulo não tem mais interesse em investir na Operação Delegada, que definhou. A Prefeitura destruiu a Operação.” A afirmação é do deputado estadual Álvaro Camilo, coronel da Polícia Militar que era comandante geral da Corporação quando planejou e implementou, em parceria com o então prefeito Gilberto Kassab, o projeto que aumentou a sensação de segurança da população e reduziu índices de criminalidade em toda a cidade.

De acordo com Camilo, desde que a nova gestão municipal assumiu, em 2013, as mudanças no programa demonstram claramente e desinteresse pela iniciativa. “A Prefeitura diminuiu as vagas disponíveis no programa. Além disso, os pagamentos da Prefeitura para a PM, que remunera os policiais, passaram a atrasar sistematicamente, 15, 20, até 30 dias. Muitos policias se sentiram desestimulados e há uma desconfiança sobre os pagamentos”, esclarece o coronel. Dos mais de 4.600 homens que trabalhavam diariamente na atividade até 2012, a quantidade chegou a cerca de 1.500 atualmente, em toda a cidade.

Kassab vistoria ações da Operação Delegada na região da rua Voluntários da Pátria, em Santana

O Brás foi uma das regiões mais beneficiadas pela Operação Delegada. Pela parceria com o Governo do Estado, a Prefeitura de São Paulo paga para que policiais militares trabalhem em seus dias de folga, em áreas de grande fluxo de pessoas, com competência administrativa para atuar em algumas posturas municipais, inclusive contra o comércio ilegal. Os resultados obtidos foram extremamente positivos. A região da Rua 25 de Março chegou a registrar 82% de redução da criminalidade. Nas subprefeituras da Mooca, Santo Amaro e Sé houve queda de 70% na criminalidade. No viaduto Santa Efigênia, que vivia tomado por ambulantes irregulares e registrava diversos roubos e furtos, a redução chegou perto de 100%. Camilo lembra que a operação chegou a ter mais de 300 homens atuando na região do Brás. Atualmente são cerca de 40, uma redução de mais de 85% no contingente.

“O atual prefeito prometeu em sua campanha ampliar a operação, mas depois de assumir o cargo trabalhou na sua redução, com o objetivo de extinguir o projeto. Só não conseguiu isso pois os comerciantes pressionaram fortemente a gestão, que se viu obrigada a continuar com o projeto, ainda que reduzindo a quase um quarto do efetivo da administração anterior”, afirma Camilo. Segundo ele, além de reduzir as vagas, a Prefeitura tentou alterar os horários de atuação e as atribuições dos policiais durante a atividade delegada, que desestimulam a participação dos PMs, que é voluntária.

Depois de implementada, a Operação Delegada rapidamente tornou-se um sucesso. “Além de atingir os resultados objetivos, como o combate ao comércio irregular e a redução dos índices de criminalidade, a operação trouxe sensação de segurança aos cidadãos. A atitude das pessoas, especialmente nas áreas de grande movimento, em ruas comerciais como a 25 de Março e José Paulino, no Centro, mudou: elas se sentiam confiantes para andar falando ao celular, ouvindo música, mexendo na carteira”, destaca o deputado. A operação também foi bem recebida pelos policiais. “Muitos deixaram aqueles bicos de segurança, em lotéricas, mercados e postos de gasolina, por exemplo, para atuar na operação, em que estão sempre pelo menos em duplas, fardados, com todas as garantias que a PM oferece aos policias em serviço em caso de acidentes ou ocorrências. A remuneração é muito boa e a segurança para o policial é muito maior. Chegamos a ter mais de 9 mil policiais inscritos”, completa. O modelo já foi adotado em mais de 40 cidades paulistas.

“A Prefeitura destruiu a Operação Delegada”, afirma Camilo

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