Prefeitura tem dívida de R$ 169 milhões com empresas de ônibus


Atual gestão acabou com o programa Ecofrota, que utilizava ônibus menos poluentes, e diminuiu a frota na cidade para reduzir custos, mas dívida vem aumentando em 2016.

21/09/2016

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A Prefeitura de São Paulo possui dívida de R$ 169 milhões com as empresas de ônibus que atuam na cidade. É o que mostra reportagem do Estadão desta terça-feira (20) que verificou em relatórios da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa responsável pelo sistema de transporte municipal, o crescimento da dívida da Prefeitura com as empresas de ônibus. O valor saltou 414% desde abril, quando a dívida era de R$ 33 milhões. Durante este período acabou a verba prevista no Orçamento para custear o sistema no ano – R$ 1,7 bilhão, o maior valor já registrado. Todos os meses nesse intervalo fecharam em débito.

A gestão municipal vem, desde 2013, promovendo cortes no sistema de ônibus municipais com o objetivo de reduzir custos, mas nem a quantidade menor de veículos, ou a menor renovação da frota, nem o fim do programa Ecofrota, criado na gestão de Gilberto Kassab para reduzir a poluição dos coletivos, conseguiram equilibrar as contas.

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), afirma que o último pagamento da Prefeitura aconteceu no fim de agosto. Novos pagamentos deveriam ter acontecido na semana passada e nesta segunda, mas não foram realizados. Desde que a atual gestão assumiu, a quantidade de ônibus circulando na cidade foi reduzida, a idade média dos coletivos aumentou e o programa Ecofrota, que previa o aumento progressivo de combustíveis menos poluentes como biodiesel, diesel de cana e veículos elétricos, foi interrompido.

Por outro lado, a Prefeitura aumentou os custos ao ampliar gratuidades, como a oferecida para estudantes dos ensinos fundamental e médio da rede pública e alunos de ensino superior e técnico com renda per capita de até 1,5 salário mínimo. Mesmo assim, o sistema tem registrado menos passageiros. Julho deste ano foi o mês com o menor número de viagens realizadas desde 2009, na comparação com o mesmo mês de cada ano. Foram 230 milhões. A frota hoje também é a menor dos últimos oito anos – 14.755 ônibus.

Ecofrota virou propaganda enganosa

Em fevereiro de 2011 o então prefeito Kassab lançou o programa Ecofrota, que previa a utilização progressiva de combustíveis limpos na frota de ônibus de São Paulo. Em julho deste ano o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) recomendou que a Prefeitura retire dos ônibus a identificação referente à Ecofrota. O programa foi interrompido em 2014 mas os ônibus, que passaram a circular com combustíveis comuns, mais poluentes, continuavam identificados como pertencentes à Ecofrota.

Conar recomendou a retirada dos adesivos da Ecofrota

Conar recomendou a retirada dos adesivos da Ecofrota

A Ecofrota foi criada de acordo com a Lei de Mudanças Climáticas, que estabelece que todo o sistema de transporte público deve operar com combustível renovável até 2018. Infelizmente o projeto, que chegou a ter 1.670 veículos movidos a combustíveis menos poluentes no final de 2012, foi abandonado pela atual administração.

De acordo com o projeto, a cada ano 10% da frota deveria ser substituída, para funcionar com combustíveis menos poluentes. O Conar, além de recomendar a retirada dos adesivos de identificação da Ecofrota dos ônibus, solicitou que os dados sobre a Ecofrota no site da Prefeitura também devem ser atualizados.

Além da remoção dos adesivos nos veículos movidos a biodiesel e diesel de cana –ônibus movidos a etanol, elétricos e trólebus podem manter o selo– a recomendação do Conar inclui também a atualização dos dados sobre a Ecofrota no site da prefeitura.

Cana, biodiesel e etanol

O programa foi lançado com 1.200 ônibus movidos a diesel B20, mistura de 20% de biodiesel de grãos adicionados ao diesel, fórmula que reduzia em 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos despejados na atmosfera da capital, além de atingir 15% da meta anual de redução de combustíveis fósseis no sistema de transporte público, prevista na Lei de Mudanças do Clima.

Ônibus movido a etanol.

Ônibus movido a etanol.

Até 2012 a SPTrans renovou 92 dos 190 trólebus que circulam na cidade. Também implantou 160 ônibus abastecidos com 10% de diesel de cana. Testes apresentaram uma redução de até 41% de fumaça preta, comparado com os veículos abastecidos com diesel B5.

Em 2012, 60 veículos abastecidos com etanol operavam com redução de emissão de material particulado, NOx e sem liberar enxofre no ar. Os ônibus movidos a etanol reduzem em até 90% a emissão de material particulado na atmosfera (fumaça preta) em relação aos coletivos movidos a óleo diesel. Diminuem também em 80% a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, 62% a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e não liberam enxofre, o causador da chuva ácida. São Paulo foi a primeira cidade das Américas a implantar o modelo a etanol, que foi testado por um ano nas ruas da Capital.

O restante da frota utilizava combustível B5 S50, ou seja, uma mistura de diesel de petróleo adicionado a 5% de biodiesel.

A gestão Kassab investiu e testou novas tecnologias para reduzir a emissão de poluentes no ar de São Paulo. Dentre as alternativas testadas estão os ônibus com a tecnologia chamada “híbrida em paralelo”, projetada para um ônibus com dois motores, um a diesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou de forma independente. O motor elétrico é utilizado para dar partida no veículo e acelerá-lo até uma velocidade de aproximadamente 20 km/hora, e também como gerador de energia durante as frenagens. O motor diesel entra em funcionamento em velocidades mais altas. A cada vez que se acionam os freios, a energia de desaceleração é utilizada para carregar as baterias. Quando o veículo está parado, seja no trânsito, em pontos de ônibus ou em semáforos, o motor diesel fica desligado.

A Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes (através da SPTrans) também testaram um novo protótipo de ônibus híbrido (diesel/elétrico). A tecnologia apresentava duas vantagens principais: mais economia de combustível e grande redução no impacto ambiental. Esse sistema híbrido proporciona uma redução no consumo de combustível de até 35%. Já a diminuição das emissões de poluentes que saem do escape pode variar de 80% a 90%, na comparação com motores a diesel convencionais. Até 2012, havia quatro veículos híbridos em testes na cidade.

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