Serviço de excelência em 2012, SAMU hoje deixa de atender 2 em cada 5 chamados


Na gestão Kassab, foi o primeiro serviço médico de urgência a receber acreditação de excelência na América Latina. Na atual gestão, 41% dos chamados não são atendidos. Tempo de espera em casos graves aumentou.

13/09/2016

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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de São Paulo recebeu importantes investimentos e gestão qualificada durante a administração do ex-prefeito Gilberto Kassab. A evolução promoveu a redução drástica no tempo de atendimento de chamados, o aumento da capacidade e mais qualidade no serviço, que culminou com a acreditação de Centro de Despacho de Emergências Médicas de Excelência, o primeiro a receber essa certificação na América Latina. Infelizmente, quatro anos depois, a situação é crítica.

De acordo com reportagem do Estadão, 2 de cada 5 chamados feitos à central não são atendidos. Em casos considerados mais graves, as ambulâncias levam até 50 minutos para atender. Diante da situação, o Ministério Público está apurando o caso e entrou com uma ação civil pública contra o Governo do Estado por não contribuir no custeio do serviço. De acordo com a legislação, o governo deveria custear 25% do SAMU mas, desde que começou a funcionar, 13 anos atrás, nunca efetuou repasses. Os custos são divididos apenas entre Prefeitura e Governo Federal.

A apuração do MPE, iniciada em 2014, aponta que as ocorrências abertas não atendidas pelo Samu passaram de 27% do total, em janeiro de 2015, para 41% em maio deste ano. O tempo de espera também aumentou. Nos casos mais graves, a ambulância demora de 12 a 50 minutos para chegar ao paciente. Em situações menos graves, a espera passa de 1h30. As zonas leste e norte são as que registram a maior demora.

Em maio, reportagem da Folha mostrou que, na atual gestão, o tempo de atendimento em casos de maior urgência, chamados nível 1, aumentou. A demora cresceu em quatro das cinco regiões da cidade. Na Zona Sul, o tempo médio é de 15 minutos, enquanto os parâmetros internacionais indicam que esse tipo de socorro deve acontecer em 10 a 12 minutos. Na gestão Kassab, o tempo médio para atendimento caiu de 45 minutos para 10 minutos e a quantidade de atendimentos aumentou 83% no período.

Ainda segunda a apuração da Folha, além de ter aumentado em quatro das cinco regiões, o tempo médio superou o padrão internacional em duas áreas em 2015: no centro-oeste foi de 13 minutos e 8 segundos e no sul foi 15 minutos e 8 segundos, aumento de quase 40%. Nos atendimentos de nível 1 do Samu –prioridade absoluta, para casos em que há risco de morte e requerem encaminhamento imediato da vítima ao hospital, quanto maior for espera, menores são as chances de sobrevivência e recuperação após situações de politraumatismo, como atropelamentos, por exemplo.

Saúde como prioridade

Número de ambulâncias dobrou durante a gestão Kassab

Número de ambulâncias dobrou durante a gestão Kassab

A gestão Kassab na Prefeitura revolucionou o atendimento do SAMU. O número de ambulâncias mais do que dobrou, passando de 61 em 2004 para 140 em 2012. O número de bases quase quadruplicou, saltando de 26 para 100, espalhadas pela cidade. As duas medidas foram fundamentais para reduzir o tempo de atendimento: despencou de 45 para apenas 10 minutos, em média, nos casos de prioridades, em que há risco de morte. Também proporcionou que mais chamados fossem atendidos: Em 2010 foram registrados cerca de 1,2 mil atendimentos por dia.

Em 2009 foi implementado o projeto de modernização do SAMU, tendo como resultado a maior Central de Operações da América Latina. Localizada no Bom Retiro, a nova Central contava com 30 postos de atendimento, novos equipamentos com moderna tecnologia e sistema de radiocomunicação. Além disso, a unidade também tem uma parceria com a Central de Operações dos Bombeiros, o que permite maior otimização na prestação de socorro em casos graves, como infartos, ferimentos com arma de fogo e acidentes com risco de morte.

Nova Central aumentou eficiência do serviço, que recebeu acreditação internacional de qualidade.

Nova Central aumentou eficiência do serviço, que recebeu acreditação internacional de qualidade.

Os chamados passaram a ser repassados entre as duas centrais, que se comunicam de maneira estratégica ao receberem a mesma chamada – tanto pelo telefone 192 quanto pelo 193. Isso evita duplas saídas e intervenções no mesmo atendimento, além de possibilitar que os dois serviços atendam qualquer ocorrência de maneira direcionada. Tal integração ocorre por meio de uma sala de videoconferência, em que os gestores das duas centrais podem organizar qualquer plano de contingência.

Todos esses avanços possibilitaram que em março de 2012 o SAMU-SP recebesse, da Academia Internacional de Despacho de Emergência Médica, o título de Centro de Despacho de Emergências Médicas de Excelência. O SAMU paulistano foi o primeiro serviço móvel de atendimento a urgências e emergências a receber essa certificação na América Latina.

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