Sérgio Rondino – O deputado federal Guilherme Campos diz que a possibilidade de racionamento no fornecimento de água em regiões metropolitanas de São Paulo se deve não apenas à falta de chuva, mas também à falta de decisão e de rapidez na definição e execução de investimentos do sistema hídrico paulista. Nesta entrevista ele comenta […]

Sérgio Rondino – O deputado federal Guilherme Campos diz que a possibilidade de racionamento no fornecimento de água em regiões metropolitanas de São Paulo se deve não apenas à falta de chuva, mas também à falta de decisão e de rapidez na definição e execução de investimentos do sistema hídrico paulista. Nesta entrevista ele comenta a preocupante situação apontada por um relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que afirma que só daqui a um mês haverá chuvas volumosas no sistema Cantareira, que abastece 9,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e que atingiu o seu menor nível histórico. Guilherme Campos está em seu segundo mandato como deputado federal. Foi vice-prefeito de Campinas entre 2005 e 2007 e secretário municipal de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo de 2005 a 2006. É um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD) e o primeiro líder do partido na Câmara dos Deputados.

Sérgio Rondino – Deputado Guilherme Campos, o Estado de São Paulo está ameaçado de sofrer graves problemas relacionados ao fornecimento de água. Como é que nós chegamos a essa situação?

Guilherme Campos – Nós estamos passando por uma situação grave. Primeiro, o assunto da água só vem na boca do povo, as pessoas discutem, na falta da água. Efetivamente, dentro do Estado de São Paulo nós tivemos grandes investimentos no passado que nos garantiram o abastecimento de uma maneira tranquila. Esse ano, excepcionalmente, nós estamos passando por uma estiagem totalmente atípica, um calor extremo, e os nossos reservatórios mostraram que não têm condição, hoje, de aguentar a Região Metropolitana de São Paulo e a região a qual eu pertenço, que é a do Consórcio do Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Nós podemos chegar a um caso extremo de uma disputa pela água entre a região metropolitana e a nossa região.

TV PSD – E o que é que faltou fazer?

Guilherme – Uma celeridade, uma decisão na definição dos investimentos. Temos aí várias questões que são postergadas, os investimentos no Alto Ribeira, região de São Lourenço, que poderiam diminuir a dependência da Capital, da Região Metropolitana de São Paulo, do sistema Cantareira. E na minha região, a região do PCJ, a definição pela construção de reservatórios para aumentar a capacidade de armazenamento de água nessa região.

TV PSD – Daqui para frente quais seriam os próximos passos, em sua opinião, para resolver esse problema?

Guilherme – Acho que nós deveríamos aproveitar esse momento de emergência. Que todos os órgãos responsáveis pela liberação das licenças para a construção dessas barragens, a construção desses reservatórios, pudessem acelerar; as obras no Vale do Ribeira poderiam ser aceleradas; campanhas de conscientização e mesmo racionamento… nós estamos passando um momento extremamente agudo.

TV PSD – Deputado, mudando de assunto, ontem nós chegamos ao ponto de ouvir um técnico de futebol, no caso o técnico do São Paulo, reclamando na imprensa da falta de segurança para ele, para a família dele, da falta de segurança no Estado e no País. A respeito da situação da segurança no Estado de São Paulo, o que o senhor tem a dizer?

Guilherme – A segurança no nosso Estado vem se arrastando ano a ano. Falta de investimentos nas polícias, falta de maior suporte por parte do governo, por parte do Estado como uma entidade maior, àqueles que exercem atividade policial e que uma vez isso sendo dado às polícias, sendo dado para aqueles que são responsáveis pela nossa segurança, as condições melhoram. Nós não podemos estar admitindo que a voz do bandido seja mais forte que a voz da sociedade de bem que é a maioria da nossa população.

TV PSD – Deputado, nós temos ouvido reclamações cada vez mais frequentes dos prefeitos de todo o Pais sobre a falta de recursos para os municípios.

Guilherme – Efetivamente, o grosso da arrecadação vai para o Governo Federal, vai uma boa parte para o Governo Estadual e as prefeituras ficam com a menor parte daquilo tudo que é arrecadado. Porém, as responsabilidades e aonde há uma cobrança direta por parte do cidadão aos seus governantes é nos municípios, é com os prefeitos, é com os vereadores. Vamos pegar, por exemplo, o caso da saúde. Existe uma obrigação constitucional de se destinar pelo menos 15% daquilo que é arrecadado no Município e alocar na saúde. E hoje a regra nos municípios do Estado de São Paulo é parcelas de 25 até 30% do orçamento na saúde. Isso se deve porque tanto o Governo Federal quanto o Governo Estadual deixam de fazer os repasses aos municípios para que eles possam fazer os enfrentamentos necessários para dar saúde à população.