Em artigo, Kassab fala sobre a questão da segurança pública na cidade de Praia Grande, que sofre com os efeitos da alta criminalidade.

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD

Há anos estamos acostumados a relatar a falta de segurança como um dos grandes problemas de São Paulo. Além dos casos que surgem diariamente na mídia como amostras de nossa difícil realidade, as estatísticas do crime no Estado são reveladoras de um ambiente de medo que envolve toda a população paulista. Infelizmente, a violência é a coisa mais democrática de São Paulo, pois, independentemente de posição social ou econômica, estamos todos igualmente vulneráveis à ação de criminosos.

Esse drama é ainda maior em cidades como a Praia Grande, onde os efeitos da criminalidade se espalham por todas as áreas da vida social e são imensa barreira imposta ao seu crescimento. Praia Grande é uma estância balneária e não é difícil imaginar que o turista, quando vítima de violência, tende a não voltar. E o resultado é um ciclo penoso economicamente para todo o setor de serviços da cidade.

Só para lembrarmos alguns números, Praia Grande tem uma média de 5 mil furtos e aproximadamente 3 mil roubos registrados por ano, desde 2012. São índices elevados, que sofreram pouca variação e mostram ação tímida do governo estadual para enfrentar a questão.

Na Prefeitura de São Paulo, implantei a Operação Delegada para atuar na prevenção ao crime em áreas comerciais. Com essa medida, colocamos mais 4 mil policiais militares nas ruas e reduzimos os índices de roubos e furtos em até 70% em algumas das regiões mais movimentadas da cidade.

A população de Praia Grande praticamente dobrou de tamanho entre 1996 e 2013, saltando de 150 mil habitantes para cerca de 290 mil em 2013. Entretanto, a força policial não acompanhou a demanda e o efetivo da cidade está defasado há anos.

Também é preciso rever a política nacional de remuneração dos policiais. A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que equipara os salários de PMs e bombeiros de todo o Brasil ao valor pago pelo Distrito Federal, pode ser um divisor de águas nesta questão.

Artigo publicado no jornal O Regional em 5 de setembro de 2014.