Em artigo, o deputado federal pelo PSD lembra que fez vários alertas sobre a crise no abastecimento de água no Estado de São Paulo e ressalta que é inviável fazer racionamento se não houver mais água.

 

 

O tempo é o senhor da razão. Ao longo deste ano nunca uma frase foi tão verdadeira como esta. Já venho me manifestando sobre o problema da iminente falta d’água deste o final de 2013 e, em 9 de fevereiro deste ano, tornei pública essa preocupação em um artigo cujo título era “Racionamento Já”.

No dia 4 de março, escrevi novamente um artigo. Naquela época, o nível do reservatório do Sistema Cantareira já era alarmante, mas ainda havia um pouco de água a ser racionada. Na ocasião, alertei que, em março, teríamos um racionamento ainda com água e, se as medidas continuassem sendo postergadas, evoluiríamos para um uma situação de disputa entre capital e interior, isto é, Região Metropolitana de São Paulo e cidades abastecidas pelas bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

A sinalização para essa medida, que deveria ter sido feita já no início do ano, chegou dois dias após a reeleição, com votação expressiva no primeiro turno, de nosso governador. Tucanaram a palavra racionamento para o termo redução de pressão na rede, que já vem acontecendo em diversos locais.

E agora, repito, passada a eleição, a palavra racionamento até que não soa tão mal assim, não é mesmo? No papel de cavaleiro do apocalipse preguei que o risco de termos um racionamento sem água era grande. Como enfrentar um racionamento se não há água para ser racionada?

Somente as autoridades poderiam tomar medidas para controlar esse prenúncio do caos que vivemos hoje e eu fui cobrá-las. Em fevereiro, pedi uma reunião com o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, que também se mostrou favorável ao racionamento.

No dia 31 de março, me encontrei com a presidente da Sabesp, Dilma Pena, para tratar da questão e ela, muito polidamente e cumprindo seu papel perante o Governo do Estado, garantiu que o suprimento estaria garantido.

Por minha iniciativa, a Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública no dia 3 de abril com representantes de diversos setores para cobrarmos atitudes e soluções. Estive presente em reuniões do comitê PCJ e em Joanópolis, no ato em defesa da represa em 25 de abril. Por fim, no dia 15 de outubro, protocolei mais um requerimento para realizar outra audiência pública em Brasília sobre a falta d’água.

O caos do desabastecimento não pode deixar ninguém tranquilo, mas eu pelo menos tenho a consciência limpa de que me esforcei ao máximo para sensibilizar as autoridades e alertar a população.

Usei de todos os meios a mim disponibilizados para alertar sobre a gravidade do problema e só lamento muito não ter obtido êxito e ter sido incompetente nessa missão.

Portanto, o que resta de tudo isso? Um nível do Cantareira descendo a patamares inimagináveis no passado, mas previsíveis no cenário que se apresentava, liberando para o rio Atibaia apenas a metade da vazão autorizada; bairros de Campinas e cidades da região enfrentando cortes no fornecimento, chegando a causar instabilidade social, como em Itu.

Além do caos, restam também as perguntas: por que o Ministério Público só entrou no circuito tentando impedir a retirada do segundo volume morto dois dias após as eleições; e não fez nada anteriormente para exigir um mínimo de responsabilidade dos órgãos competentes? Por que o Governo do Estado só começou a tomar medidas mais duras e impopulares dois dias após a eleição?

Já diz o ditado que uma andorinha só não faz verão e se tivéssemos contado com o apoio de mais mulheres e homens públicos talvez a situação não chegasse a esse ponto triste, caótico, desesperador e apocalíptico. E agora, José? Me desculpe José, mas você não tem nada a ver com isso. E agora, Geraldo?

 

Guilherme Campos é deputado federal pelo PSD