Continuidade do processo de transformação social depende de se trabalhar fortemente uma agenda que considere o aumento da produtividade, estímulo ao empreendedorismo, atenção maior às crianças, jovens e mulheres, assim como para a classe média.

Rubens Figueiredo, Marcelo Neri, Guilherme Afif, Roberto Macedo e o jornalista Sérgio Rondino

Embora o debate político e o noticiário dos jornais não deixem isso claro, o Brasil viveu nos últimos anos uma transformação profunda, com a renda dos mais pobres crescendo muito mais rápido que a das parcelas mais ricas da população. A afirmação é do ministro de Assuntos Estratégicos Marcelo Neri, que participou nesta segunda-feira (28) de debate sobre distribuição de renda e qualidade de vida promovido pelo Espaço Democrático, fundação do PSD para estudos e formação política.

Para ele, a continuidade desse processo depende de se trabalhar fortemente uma agenda que considere o aumento da produtividade, estímulo ao empreendedorismo, atenção maior às crianças, jovens e mulheres, assim como para a classe média.

Veja os depoimentos dos participantes do debate:

Apesar dos números positivos que apresentou, Neri destacou que a fotografia social do Brasil ainda é muito ruim e que é preciso continuar investindo para corrigir as distorções presentes no cenário nacional. Essa também foi a linha de outro participante do debate, o economista Roberto Macedo, coordenador do Núcleo de Estudos do Espaço Democrático, para quem, embora a renda dos mais pobres tenha melhorado, “ainda estamos no meio de caminho e é preciso melhorar muito, especialmente no acesso aos serviços públicos”.

Neri chamou a atenção também para o descolamento entre as estatísticas macroeconômicas e o crescimento da renda das pessoas, em particular das mais pobres, “que cresceu quatro vezes mais do que o PIB”. Segundo ele, esse descolamento vem aumentando nos últimos anos, “acentuando a diferença entre a economia real e o mundo que nós economistas olhamos com mais atenção”.

O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif, outro dos participantes do debate, lembrou que o acesso à educação de qualidade é uma demanda importante dos brasileiros que começa a ser atendida por programas como o Pronatec. “As pessoas começam a entender a importância da qualificação profissional e o ensino técnico é uma das saídas para continuar esse processo de distribuição de renda”, disse. Afif lembrou ainda que a redução da burocracia que afeta os empreendedores brasileiros é outro ponto importante, na medida em que facilita a vida das pequenas empresas e permite melhor renda para empresários e trabalhadores.

O ministro Marcelo Neri: renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos ricos.

Conduzido pelo jornalista Sergio Rondino, o debate teve também a participação do cientista político Rubens Figueiredo, para quem, considerando que o brasileiro é um dos povos mais otimistas do mundo –  como demonstram pesquisas internacionais –  é interessante notar que a redução da desigualdade não impediu que milhões de pessoas saíssem às ruas em junho de 2013 para protestar. Uma das explicações, em sua opinião, pode ser a de que a maioria dos manifestantes seria da classe média tradicional, insatisfeita com os serviços públicos.

Para Marcelo Neri, a transformação profunda observada na distribuição de renda no Brasil não significou apenas mais dinheiro no bolso dos trabalhadores, mas também acesso à casa própria e registro formal de trabalho, “o grande símbolo dessa evolução”. Contudo, concordou que os grandes desafios sociais, como a mobilidade, permanecem e precisam ser enfrentados. “As pesquisas mostram que o brasileiro está bastante satisfeito com a sua vida, mas é muito crítico em relação ao País e à qualidade dos serviços públicos”, completou.

Internet

O debate sobre distribuição de renda e qualidade de vida foi o 17º promovido pelo Espaço Democrático dentro do ciclo “Desatando os nós que atrasam o Brasil”. Transmitido em tempo real pela internet (www.psd.org.br), o evento permitiu a participação de internautas de todo o Brasil, filiados ou não ao PSD.

Os debates tiveram início no final de 2011 e visam buscar soluções para os grandes problemas que afetam o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Desde o início, já foram debatidos temas como saúde, educação, segurança pública, empreendedorismo, economia criativa e vários outros. “A partir dessas discussões surgem ideias e propostas que podem ser encampadas pelo partido e defendidas nas diversas instâncias em que atuamos”, diz o ministro Guilherme Afif, presidente do Espaço Democrático.