Nesta terça-feira, 19 de agosto, dia nacional do ciclista, a Folha de São Paulo traz reportagem sobre o aumento da fiscalização de infrações de trânsito de desrespeito aos ciclistas capital paulista. Infelizmente, a Prefeitura reduziu o Programa de Proteção ao Pedestre, que reduziu em 27,4% as mortes por atropelamento na região central.

ciclofaixa paulista (4)Nesta terça-feira, 19 de agosto, data em que se comemora o dia nacional do ciclista, a Folha de São Paulo traz reportagem sobre o aumento da fiscalização de infrações de trânsito de desrespeito aos usuários de bicicletas na capital paulista. As multas praticamente triplicaram no primeiro semestre de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado. A fiscalização foi iniciada na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, em 2012, com o lançamento do Programa de Proteção ao Ciclista. Foi durante a gestão do presidente nacional do PSD na Prefeitura que o uso da bicicleta foi introduzido de maneira ordenada na cidade, com a implantação de mais de 200 quilômetros de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas

De acordo com a reportagem, as infrações relacionadas a ciclistas passaram de 3.565 para 10.263, uma média de 57 a cada dia. Lançado em maio de 2012, o Plano de Proteção ao Ciclista apresentou resultados expressivos no ano passado e continua a mudar o cenário na cidade. Segundo reportagem publicada pelo jornal Metro (21/7), o índice de ciclistas mortos em São Paulo caiu 32% (de 52 para 35) em 2013 em virtude da maior fiscalização e orientação aos motoristas.

Se a proteção ao ciclista foi intensificada, as ações em defesa do pedestre perderam força na nova administração. Além da percepção nas ruas que as ações do programa foram reduzidas, segundo a Folha as infrações de motoristas que envolvem pedestres caíram 10%. O Programa de Proteção ao Pedestre lembrava os motoristas que os pedestres devem ter preferência nas ruas porque são a parte mais frágil do ambiente urbano. Monitores foram espalhados em centenas de cruzamentos para educar motoristas e pedestres sobre como atravessar as ruas de maneira segura. O resultado disso foi a queda de 27,4% mortes por atropelamento no Centro da cidade, em 2012, na comparação com 2005.

Ciclistas

Três artigos foram adaptados pela CET em 2012 para punir motoristas que se aproximam demais das bicicletas, ultrapassam de forma perigosa e sem reduzir a velocidade ou que as fecham antes de conversões. Essas multas cresceram 188%. Em comparação, os demais tipos de infração de trânsito subiram apenas 4%. A Prefeitura promete fiscalizar agora a invasão de ciclovias utilizando radares, com multas de R$ 574,62, e infração gravíssima.

Incentivo ao uso da bicicleta

Durante a gestão de Gilberto Kassab à frente da Prefeitura, entre 2006 e 2012, a cidade de São Paulo recebeu grandes estímulos para o uso da bicicleta. Foram criados mais de 200 km de faixas para bicicletas, entre ciclovias, ciclorrotas, além da ciclofaixa de lazer, que opera aos domingos e feriados nacionais e obteve resultados tão positivos que tornou-se modelo para outras cidades do país, como Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

Em uma metrópole cuja vocação para o uso do automóvel em detrimento da utilização do transporte coletivo é citada como uma de suas principais características, é estimulante conhecer números do sistema cicloviário da cidade. Estudos realizados com frequentadores das ciclofaixas de lazer mostraram que, em seu cotidiano, quando voltaram a se locomover de automóvel, eles passaram a respeitar muito mais os ciclistas. A ciclofaixa é um processo educativo e de estímulo ao compartilhamento do espaço viário.

Hoje, é visível a presença de várias gerações da mesma família na ciclofaixa de lazer: avós, pais, netos. Há relatos de parentes que voltaram a conviver a partir de encontros na ciclofaixa. E são essas pessoas que durante a semana retomam seus papéis como motoristas e passageiros de automóveis. Porém, retomam com outra visão – a de quem exerceu a experiência de andar sobre duas rodas.

A ciclofaixa de lazer tem se mostrado ainda um excelente meio de os moradores de São Paulo conhecerem a própria cidade, pois seus trajetos já abrangem as zonas Sul, Norte, Leste e Oeste da capital. Muitos ciclistas puderam descobrir e redescobrir os pontos tradicionais e turísticos do centro da cidade pela ciclofaixa de lazer. Isso sem falar que a ciclofaixa acaba criando um rastro positivo por onde passa: movimenta o comércio ao lotar bares, restaurantes e os pontos culturais, ao levar um novo público a museus e locais históricos.

Outra medida criada em 2012 foi o Bike Sampa, programa de compartilhamento de bicicletas disponibilizadas em estações espalhadas pela capital paulista.  O programa previa a instalação de 300 estações com 10 bicicletas cada uma, totalizando 3 mil bikes à disposição dos paulistanos.